Assunto atual, essas doenças tem preocupado muito a
população, e tem sido motivo de muitas polêmicas. Vamos ver o que são, quais as
diferenças e como a Homeopatia pode ajudar neste caso.
O mosquito Aedes aegypti é o vetor transmissor da Dengue,
Zika e Chikungunia (ele também transmite a febre amarela). Ele mede cerca de 1
cm, é preto com listras brancas pelo corpo e patas Tem hábitos
diurnos e voa baixo, picando as pernas. Age mais no começo da manhã e no fim da
tarde, e sua picada não dói nem coça na hora. O mosquito vive perto das casas,
e põe seus ovos em águas relativamente limpas e paradas. Isto faz dos depósitos
domiciliares o principal “berçário” de mosquitos, pois é onde as larvas
crescem.
Dengue
Trata-se de palavra espanhola que significa “trejeito” ou
“contorção”, pois nos casos típicos o doente acusa dores mais ou menos intensas
nas articulações ou músculos, que fazem o indivíduo contorcer-se. A moléstia é
conhecida pelos ingleses com o nome de “Breakbone fever”, ou “febre
quebra-osso” ( Maffei, Os Fundamentos da Medicina).
Há duas formas clínicas, uma mais branda (a dengue clássica)
e outra mais grave (a dengue hemorrágica, ou Febre Hemorrágica da Dengue). Um
contato anterior aumenta o risco da pessoa ter a forma mais grave numa segunda
vez.
Dengue Clássica: Em cerca de 20% dos casos, os sintomas são
leves (“gripais”). Os sintomas são febre de até 7 dias, com pelo menos duas
das seguintes queixas:
• Prostração,
cansaço extremo;
• Dor de
cabeça/atrás dos olhos (típico desta doença);
• Dores nas
articulações/músculos;
• Rash
(“vermelhão”) pelo corpo, coceiras;
• Desconforto
abdominal, náuseas, vômitos esporádicos, falta de apetite;
• Hemorragias
leves;
• Aumento
dos gânglios após o 3° dia de febre.
Sinais de Alarme: dor abdominal, vômitos, queda de pressão,
aumento doloroso do fígado, sangramento de mucosas, hemorragias, sonolência/
agitação e irritabilidade, falta de ar, hipotermia (corpo gelado), alterações
do exame de sangue (diminuição das plaquetas e aumento de hematócrito).
Dengue Hemorrágica: todos os sintomas da dengue clássica,
mais os seguintes (a partir do 3o dia de febre): Petéquias e equimoses
(“vermelhão” e “roxos” pelo corpo); Sangramentos: nariz, gengivas, por vômitos,
pelas fezes (sangue vivo ou fezes escuras como “borra de café”), pela urina,
vaginais; Aumento doloroso do fígado; Dor abdominal intensa e contínua;
Vômitos persistentes; Queda de pressão arterial; Redução da urina. A forma
mais grave (Choque), é a piora da dengue hemorrágica, e tem alta mortalidade. O
paciente fica agitado, boca e extremidades roxas, as plaquetas caem muito, e
ocorre o “choque” (coração não consegue bombear o sangue).
Chikungunya
É uma doença viral causada por um RNA vírus. Comum nas
regiões subtropicais e tropicais da África, Oceano Índico, e no sul e sudeste
asiáticos, seu nome significa “aquele que se dobra” na língua Swahili
(Tanzânia), e é uma referência à postura dos pacientes que não conseguem
endireitar o corpo por causa das dores nas articulações. A infecção
assintomática é rara. O quadro clínico desta doença é muito semelhante ao da
dengue clássica, mas mais intenso:
• Febre
alta e de início súbito;
• Intensa
dor nos músculos e nas articulações (especialmente punhos e tornozelos);
• Inchaços
dolorosos das juntas ou perto delas (isto não ocorre na dengue);
• Pode
haver dor de cabeça, sensibilidade à luz e vermelhidão pelo corpo (exantema
/“rash”).
Esta doença, diferentemente da dengue, só ocorre uma vez.
Apesar de não ter a mortalidade da dengue hemorrágica, ela demora mais para
aliviar as dores, e pode deixar como sequelas artrites crônicas.
Zika
Provocada por um RNA vírus do gênero Flavivirus, que foi
isolado pela primeira vez em 1947, no soro do macaco Rhesus na floresta Zika,
de Uganda (África). A primeira vez que foi isolado em humanos foi em 1954, na
Nigéria. Atualmente esta doença tem sido detectada em epidemias em várias
partes do mundo, o que a torna emergente e de interesse mundial. Pode ser
transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e também por transfusões, por via
sexual ou no momento do parto para o bebê. A evolução é branda, e não existem
relatos de casos que se tornam crônicos, complicações ou mortes por esta
doença. A maioria dos casos é assintomática, e evolui bem.
O quadro clínico desta doença é:
• Febre (3
a 7 dias);
• Olhos bem
vermelhos (o que pode confundir com sarampo);
• Dor de
cabeça;
• Dores nas
articulações/músculos, podendo haver inchaço nas articulações;
• Rash
(“vermelhidão”) pelo corpo, com placas ou pontos que coçam muito (exantema
maculo-papular);
• Diarréia,
mal-estar.
Recentemente, tornou-se alarmante ao ser associada com a
maior incidência de bebês com microcefalia no Brasil, mas esta associação é
questionável, por não termos dados suficientes para essa conclusão (o próprio
Ministério da Saúde não divulga dados adequados, o que torna o assunto
polêmico).
O que é a microcefalia?
A microcefalia é o nome técnico para “cabeça pequena”. São
crianças que, ao nascer, apresentam o diâmetro da cabeça, ou perímetro
cefálico, menor que 32 cm (definição válida no Brasil desde dezembro/2015).
Identificar essas crianças é importante porque existem doenças, algumas graves,
que precisam ser investigadas, como certas síndromes que provocam retardo
mental. O que ocorre é que a maioria das crianças com suspeita de microcefalia
terá uma vida normal, sem nenhuma sequela ou complicação; terá talvez a cabeça
apenas um pouco menor quando comparada a outras crianças, talvez nem isso
(vejam, o bebê com menos de 40 semanas que nasce de parto via cesariana pode
ter o perímetro cefálico menor que 32 cm, mas não tem microcefalia – é apenas
ainda pequeno).
A microcefalia tem sido associada ao zika porque o vírus foi
identificado no liquor (líquido que banha o cérebro) de crianças que nasceram
com suspeita de microcefalia. Mas isto não significa que o vírus provoca a
microcefalia, significa apenas que foi encontrado. Explicando melhor: se houver
uma epidemia muito grande de zika (como houve em Pernambuco), esperamos
encontrar muitas pessoas doentes, incluindo gestantes e bebês. Significa que a
doença está por toda a parte. Vou dar um exemplo que vi acontecer, para
explicar melhor esse assunto. Quando eu estava na faculdade de medicina,
auxiliei na necrópsia do corpo de uma senhora idosa, de 90 anos, trabalhadora
da roça, que falecera de causas aparentemente naturais. Encontramos um câncer
de útero. Perguntamos à familia, que confirmou que ela não tinha nenhuma queixa
que pudesse ser relacionada ao câncer encontrado. Portanto, ela morreu com o
câncer, e não pelo câncer. O câncer apenas estava lá, mas não era a causa da
morte. Isto acontece com mais frequência do que se imagina. O mesmo ocorre com
o zika: encontrar o vírus não siginifca que ele causa a microcefalia, significa
apenas que ele foi encontrado. E há outros pontos: um deles é que no Brasil a
microcefalia não vinha sendo notificada de forma adequada, por isso esse
aparente aumento dos casos. Entre outros.
Como a Homeopatia pode ajudar nestes casos?
A Homeopatia tem
ajudado a combater as epidemias desde o seu surgimento. Podemos utilizar os
medicamentos homeopáticos tanto no tratamento dos quadros agudos, quanto
prevenindo as epidemias. Para tratar um quadro agudo (por exemplo, uma pessoa
com dengue), o método utilizado pela homeopatia (que é o mesmo para tratar
qualquer caso agudo) consiste em individualizar aquele caso, e prescrever o
medicamento mais adequado para curar todos os sintomas apresentados por aquela
pessoa.
Para agir como preventivo, a medicação é escolhida a partir
do “Gênio Epidêmico” daquela epidemia ou surto. Isto é feito da seguinte forma:
a escolha do medicamento depende do conjunto de sintomas apresentados por
aquela população na ocasião de cada surto. Ou seja, o medicamento não é
específico à doença a ser prevenida, mas sim ao conjunto de sintomas que a
maioria dos doentes apresente durante determinado surto epidêmico. Assim, se
houver duas epidemias de uma mesma doença na mesma população (em épocas
diferentes), o medicamento utilizado pode não ser o mesmo. Foi usando este
método que Hahnemann impediu a propagação da escarlatina na Alemanha no séc.
XVIII com a utilização de Belladonna, e a púrpura miliar em 1801 com o
medicamento Aconitum napellus.
A Homeopatia pode ser de grande ajuda para o tratamento dos
doentes de dengue, zika e chikungunya nos quadros agudos destas doenças,
acelerando a cura e impedindo que formas mais graves ou sequelas ocorram.
Também pode ser usada como preventivo na epidemia. E finalmente, pode ser
utilizada por qualquer pessoa para melhorar os mecanismos de defesa,
restaurando a saúde.
Além do medicamento homeopático usado como preventivo e/ou
curativo, outras medidas simples podem ajudar, como não deixar água acumulada;
fechar bem os sacos de lixo; descartar adequadamente latas, garrafas, potes,
etc. (não deixar no quintal ou jogadas em terrenos); não deixar exposto
qualquer objeto que possa acumular água; guardar pneus sem uso em local seco e
coberto; tampar bem poços, caixas d’água e outros depósitos (se não tiver
tampa, usar tela fina); secar e limpar as lajes, e desentupir as calhas; e
cuidado com plantas: deixe o vaso sempre seco, com areia ou pó de café nos
pratos (cuidado especial com bromélias ou outras que acumulem água).
E, por fim: cuide bem da sua saúde. Hábitos de vida
inadequados podem prejudicar nossos mecanismos de defesa e facilitar o
surgimento de doenças. Sabemos que pessoas com doenças crônicas tem maior
chance de desenvolver formas mais graves de quaisquer doenças, inclusive estas.
Portanto, cuide-se. Preserve sua saúde se você não tem nenhuma doença crônica,
e trate-se de forma adequada se você tem.
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