A homeopatia sempre é associada ao tema da sustentabilidade,
face à pequena quantidade de matéria prima necessária para a preparação do
medicamento, sem esgotar os recursos de onde são retirados, sejam eles animais,
vegetais ou minerais.
Isso é fato, mas podemos estender esse entendimento quando
olhamos a sustentabilidade como um princípio, segundo o qual o uso dos recursos
naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a
satisfação das necessidades das gerações futuras.
Por que mais, então, a homeopatia seria por si só um
processo sustentável? Qual é o ciclo do medicamento alopático, seja ele de
origem natural ou não?
Tudo se inicia com os insumos básicos que compõe aquele
fármaco. Qualquer que seja ele, sintetizado ou não, no seu estágio inicial
precisamos obtê-lo na natureza, e a quantidade necessária no processo alopático
está diretamente relacionada à quantidade de produto final que iremos produzir.
Este insumo básico, ao ser extraído da natureza, provocará
uma movimentação no equilíbrio ecológico que cerca sua fonte. Imaginemos um
medicamento super comum como o ácido acetil salicílico (AAS, Aspirina, etc).
Quando foi descoberto, baseava-se num conhecimento disponível desde 400 a.C.,
de que a casca do salgueiro (salix alba ou chorão, como é mais conhecido entre
nós) possuía propriedades antipiréticas e analgésicas.
Bem, no final do século XIX, o laboratório alemão Bayer,
conjugou quimicamente o ácido salicílico com acetato, criando o ácido
acetilsalicílico, que tornou-se o medicamento mais vendido do mundo. Dá para
imaginar quanto de salgueiro seria necessário para produzir toda a aspirina
consumida no mundo?
Para contornar esse problema, o ácido salicílico foi
sintetizado, produzido artificialmente (essa é a meia verdade da indústria,
para justificar que não destrói o meio ambiente, sem falar no que ela provoca
na síntese). Além disso, para transformá-lo em acetil-salicílico, é necessário
reagi-lo com ácido sulfúrico e acetato (também não se fala do resultado...).
Curioso, você deveria achar. Para onde vão todos os insumos
utilizados na fabricação destas toneladas de medicamentos? Os argumentos
básicos falam sobre neutralização, recombinação, etc. Só que desastres por
contaminação ambiental como Bophal na índia, Exxon Valdez na costa do Canadá,
delta dos rio das Pérolas ou do rio Amarelo na China, etc, estão todos os dias
nos jornais e desastres só são causados por abusos dos descartes jogados no
meio ambiente.
Então, o que é ser sustentável? Plantar uma enormidade de
árvores em um lugar favorável, repõe o dano ambiental da devastação de
quilômetros e quilômetros de florestas? Criar uma floresta de eucaliptos no sul
de Minas (que depois será devastada para ser queimada em fornos de gusa) repõe
a devastação do cerrado para o plantio de soja? Ou mesmo comprar os direitos
sobre uma área de mata nativa em Itapecerica da Serra, com o compromisso de que
ela não será derrubada, repõe em “créditos de carbono” toda a devastação do
solo provocada pela extração de ferro em Carajás?
Hoje se fala em logística reversa, incluindo a recuperação
de embalagens utilizadas na venda de produtos. Será que os fabricantes de
medicamentos alopáticos, conseguem cuidar de toda a poluição provocada pela
eliminação orgânica que os pacientes usuários de suas drogas, despejam
diariamente nas águas, que lentamente vêm sendo poluídas também por esse
complexo químico despejados por indústrias de um dos setores mais ricos da
economia mundial?
Então, quando falamos de que a homeopatia é uma atividade
sustentável, estamos falando muito mais do que da origem do medicamento.
Estamos falando dos recursos naturais que são utilizados para produzi-los, do
impacto ambiental nulo que eles causam, da não agressão química ao ambiente,
causadas pelo consumo e eliminação após uso destes medicamentos.
Para que um empreendimento humano seja considerado
sustentável, é preciso que seja ecologicamente correto, economicamente viável e
socialmente justo.
O uso de plantas para a produção de medicamentos
homeopáticos deve ser feito a partir da extração em quantidades reduzidas,
obtidas no habitat natural do espécime, sem nenhum tipo de manipulação do
ambiente em que ela se encontra. Esse espécime não é replantado em outro lugar,
e se formos exigentes quanto à aplicação do termo “planta fresca”, deveríamos
fazer a primeira trituração a não mais de uma hora da coleta. A interferência é
mínima, e talvez o maior dano ambiental seja a movimentação de pessoas pelo
habitat da planta.
Da mesma forma, a preparação do medicamento homeopático é absolutamente
democrática. Ela está ao alcance de qualquer pessoa que se disponha a seguir
regras simples de preparação e higiene, não necessitando de nenhum tipo de
parafernália para prepará-lo, a não ser o esforço pessoal e o uso de
equipamentos mínimos, disponíveis a qualquer pessoa (embora os serviços de
Vigilância Sanitária insistam em tratar a homeopatia como alopatia, criando
barreiras e exigências que tendem a reduzir a “qualidade homeopática” dos
medicamentos, essencialmente por não quererem adotar os paradígmas da
homeopatia em seu controle).
O custo de obtenção de matrizes e derivação de medicamentos
está concentrado principalmente na força humana de trabalho e no atendimento às
normas sanitárias para sua preparação. Que medicamento poderia ser preparado em
um pic-nic de uma classe de crianças de 6 a 8 anos, que se vê de repente
cercada por uma centena de taturanas que começam a despencar de um parreiral, e
a queimar as peles sensíveis delas? Sem nenhum material específico, uma
farmacêutica preparou uma trituração de partes das taturanas em açúcar, fez as
diluições necessárias em água e passou a aplicar nas crianças atingidas,
promovendo um alívio tão rápido que espantou os pais mais céticos que
acompanhavam o grupo.
Que medicamento pode ser preparado em farmácias, que
independam do pagamento de royalties, da cadeia de suprimento do comércio que
abrange fabricantes, distribuidoras, representantes, vendedores, etc, e que
quando chegam ao consumidor não tenha seu valor aumentado exponencialmente?
Que medicamento que em sua preparação não implica em riscos
de danos físicos, às vezes irreversíveis colocando em perigo consumidores,
técnicos farmacêuticos e empresários?
Que medicamento pode ser utilizado em campanhas que
movimentam valores tão reduzidos que não despertam a cobiça de corruptos ou
espertalhões, não estão protegidos por royalties e podem ser preparados
descentralizadamente junto às comunidades, chegando às populações mais
desfavorecidas como em campanhas de prevenção contra meningite e dengue
realizadas com êxito em passado recente no Rio de Janeiro, em São Paulo ou
Santa Catarina?
Sim, o medicamento homeopático é absolutamente sustentável,
sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo. E você
não precisa acreditar nele para usá-lo. Basta experimentar.
Escrito por Francisco Sollero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário