27 de dez. de 2017

HOMEOPATIA E SUSTENTABILIDADE



A homeopatia sempre é associada ao tema da sustentabilidade, face à pequena quantidade de matéria prima necessária para a preparação do medicamento, sem esgotar os recursos de onde são retirados, sejam eles animais, vegetais ou minerais.

Isso é fato, mas podemos estender esse entendimento quando olhamos a sustentabilidade como um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.

Por que mais, então, a homeopatia seria por si só um processo sustentável? Qual é o ciclo do medicamento alopático, seja ele de origem natural ou não?

Tudo se inicia com os insumos básicos que compõe aquele fármaco. Qualquer que seja ele, sintetizado ou não, no seu estágio inicial precisamos obtê-lo na natureza, e a quantidade necessária no processo alopático está diretamente relacionada à quantidade de produto final que iremos produzir.

Este insumo básico, ao ser extraído da natureza, provocará uma movimentação no equilíbrio ecológico que cerca sua fonte. Imaginemos um medicamento super comum como o ácido acetil salicílico (AAS, Aspirina, etc). Quando foi descoberto, baseava-se num conhecimento disponível desde 400 a.C., de que a casca do salgueiro (salix alba ou chorão, como é mais conhecido entre nós) possuía propriedades antipiréticas e analgésicas.

Bem, no final do século XIX, o laboratório alemão Bayer, conjugou quimicamente o ácido salicílico com acetato, criando o ácido acetilsalicílico, que tornou-se o medicamento mais vendido do mundo. Dá para imaginar quanto de salgueiro seria necessário para produzir toda a aspirina consumida no mundo?

Para contornar esse problema, o ácido salicílico foi sintetizado, produzido artificialmente (essa é a meia verdade da indústria, para justificar que não destrói o meio ambiente, sem falar no que ela provoca na síntese). Além disso, para transformá-lo em acetil-salicílico, é necessário reagi-lo com ácido sulfúrico e acetato (também não se fala do resultado...).

Curioso, você deveria achar. Para onde vão todos os insumos utilizados na fabricação destas toneladas de medicamentos? Os argumentos básicos falam sobre neutralização, recombinação, etc. Só que desastres por contaminação ambiental como Bophal na índia, Exxon Valdez na costa do Canadá, delta dos rio das Pérolas ou do rio Amarelo na China, etc, estão todos os dias nos jornais e desastres só são causados por abusos dos descartes jogados no meio ambiente.

Então, o que é ser sustentável? Plantar uma enormidade de árvores em um lugar favorável, repõe o dano ambiental da devastação de quilômetros e quilômetros de florestas? Criar uma floresta de eucaliptos no sul de Minas (que depois será devastada para ser queimada em fornos de gusa) repõe a devastação do cerrado para o plantio de soja? Ou mesmo comprar os direitos sobre uma área de mata nativa em Itapecerica da Serra, com o compromisso de que ela não será derrubada, repõe em “créditos de carbono” toda a devastação do solo provocada pela extração de ferro em Carajás?

Hoje se fala em logística reversa, incluindo a recuperação de embalagens utilizadas na venda de produtos. Será que os fabricantes de medicamentos alopáticos, conseguem cuidar de toda a poluição provocada pela eliminação orgânica que os pacientes usuários de suas drogas, despejam diariamente nas águas, que lentamente vêm sendo poluídas também por esse complexo químico despejados por indústrias de um dos setores mais ricos da economia mundial?

Então, quando falamos de que a homeopatia é uma atividade sustentável, estamos falando muito mais do que da origem do medicamento. Estamos falando dos recursos naturais que são utilizados para produzi-los, do impacto ambiental nulo que eles causam, da não agressão química ao ambiente, causadas pelo consumo e eliminação após uso destes medicamentos.

Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo.

O uso de plantas para a produção de medicamentos homeopáticos deve ser feito a partir da extração em quantidades reduzidas, obtidas no habitat natural do espécime, sem nenhum tipo de manipulação do ambiente em que ela se encontra. Esse espécime não é replantado em outro lugar, e se formos exigentes quanto à aplicação do termo “planta fresca”, deveríamos fazer a primeira trituração a não mais de uma hora da coleta. A interferência é mínima, e talvez o maior dano ambiental seja a movimentação de pessoas pelo habitat da planta.

Da mesma forma, a preparação do medicamento homeopático é absolutamente democrática. Ela está ao alcance de qualquer pessoa que se disponha a seguir regras simples de preparação e higiene, não necessitando de nenhum tipo de parafernália para prepará-lo, a não ser o esforço pessoal e o uso de equipamentos mínimos, disponíveis a qualquer pessoa (embora os serviços de Vigilância Sanitária insistam em tratar a homeopatia como alopatia, criando barreiras e exigências que tendem a reduzir a “qualidade homeopática” dos medicamentos, essencialmente por não quererem adotar os paradígmas da homeopatia em seu controle).

O custo de obtenção de matrizes e derivação de medicamentos está concentrado principalmente na força humana de trabalho e no atendimento às normas sanitárias para sua preparação. Que medicamento poderia ser preparado em um pic-nic de uma classe de crianças de 6 a 8 anos, que se vê de repente cercada por uma centena de taturanas que começam a despencar de um parreiral, e a queimar as peles sensíveis delas? Sem nenhum material específico, uma farmacêutica preparou uma trituração de partes das taturanas em açúcar, fez as diluições necessárias em água e passou a aplicar nas crianças atingidas, promovendo um alívio tão rápido que espantou os pais mais céticos que acompanhavam o grupo.

Que medicamento pode ser preparado em farmácias, que independam do pagamento de royalties, da cadeia de suprimento do comércio que abrange fabricantes, distribuidoras, representantes, vendedores, etc, e que quando chegam ao consumidor não tenha seu valor aumentado exponencialmente?

Que medicamento que em sua preparação não implica em riscos de danos físicos, às vezes irreversíveis colocando em perigo consumidores, técnicos farmacêuticos e empresários?

Que medicamento pode ser utilizado em campanhas que movimentam valores tão reduzidos que não despertam a cobiça de corruptos ou espertalhões, não estão protegidos por royalties e podem ser preparados descentralizadamente junto às comunidades, chegando às populações mais desfavorecidas como em campanhas de prevenção contra meningite e dengue realizadas com êxito em passado recente no Rio de Janeiro, em São Paulo ou Santa Catarina?


Sim, o medicamento homeopático é absolutamente sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo. E você não precisa acreditar nele para usá-lo. Basta experimentar.

Escrito por Francisco Sollero.

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