A ciência
traz novas luzes sobre a causa raiz dos problemas de memória.
Você tem
resistência à insulina?
Se você não
sabe, você não está sozinho. Esta é talvez a questão mais importante que
qualquer um de nós pode perguntar sobre nossa saúde física e mental -, contudo,
a maioria dos pacientes, e até muitos médicos, não sabem como responder.
Aqui nos
EUA, a resistência à insulina atingiu proporções epidêmicas: mais da metade de
nós atualmente é resistente à insulina. A resistência à insulina é uma condição
hormonal que prepara um ambiente corporal para a inflamação e o sobrepeso,
prejudicando o metabolismo do colesterol e dos lipídios, e gradualmente destrói
nossa capacidade de processar os carboidratos.
A
resistência à insulina coloca-nos em alto risco para muitas doenças
indesejáveis, incluindo obesidade, doenças cardíacas, câncer e diabetes tipo 2.
Ainda mais
perturbador, os pesquisadores agora entendem que a resistência à insulina é a
força motriz por trás da maioria dos casos de Doença de Alzheimer.
O que é
resistência à insulina?
A insulina é
um poderoso hormônio metabólico que orquesta como as células acessam e
processam nutrientes vitais, especialmente a glicose.
No
organismo, uma das responsabilidades da insulina é desbloquear as células
musculares e de gordura para que elas possam absorver a glicose da corrente
sanguínea. Quando você come algo doce ou amido fazendo com que sua glicose no
sangue tenha um pico, o pâncreas libera insulina para drenar o excesso dessa
glicose da corrente sanguínea para as células. Se o açúcar no sangue e o pico
de insulina também são elevados, muitas vezes, as células tentarão proteger-se
da exposição excessiva dos efeitos poderosos da insulina, diminuindo sua
resposta à insulina - elas tornam-se "resistentes à insulina". Com o
esforço de superar essa resistência, o pâncreas libera ainda mais insulina para
o sangue para tentar manter a glicose em movimento às células. Quanto mais os
níveis de insulina se elevarem, mais células se tornam resistentes à insulina.
Ao longo do tempo, este ciclo vicioso pode levar a níveis elevados de glicose
no sangue, ou diabetes tipo 2.
Resistência
à insulina e ao cérebro
No cérebro,
é uma história diferente. O cérebro é um gigante consumidor de energia que
exige um suprimento constante de glicose. A glicose pode livremente deixar a
corrente sanguínea, bailando através da barreira hematoencefálica e até entrar
na maioria das células cerebrais - não sendo necessário a insulina. De fato, o
nível de glicose no líquido cefalorraquidiano que envolve seu cérebro é sempre
cerca de 60%, mais alto que o nível de glicose na corrente sanguínea - mesmo se
você tiver resistência à insulina - então, quanto maior sua glicose no sangue,
maior será a glicose no cérebro .
Não é assim
com a insulina - quanto maior for o seu nível de insulina no sangue, mais
difícil pode se tornar a entrada de insulina no cérebro. Isso ocorre porque os
receptores responsáveis pela escolta de insulina através da barreira
hematoencefálica podem se tornar resistentes à insulina, restringindo a
quantidade de insulina permitida no cérebro. Embora a maioria das células
cerebrais não exija insulina para absorver glicose, elas requerem insulina para
processar a glicose. As células devem ter adequado acesso à insulina ou não
podem transformar a glicose em componentes celulares vitais e energia que
precisam para prosperar.
Apesar de
nadar em um mar de glicose, as células cerebrais em pessoas com resistência à
insulina literalmente começam a morrer de fome.
Resistência
à insulina e memória
Fonte: Suzi
Smith, usado com permissão
Que células
cerebrais se vão primeiro? O hipocampo é o centro de memória do cérebro. As células
do hipocampo requerem tanta energia para fazer o seu importante trabalho que,
muitas vezes, precisam de reforços adicionais de glicose. Embora a insulina não
seja necessária para deixar uma quantidade normal de glicose no hipocampo,
essas ondas especiais de glicose requerem insulina, tornando o hipocampo
particularmente sensível aos déficits de insulina. Isso explica porque a
memória em declínio é um dos primeiros sinais de Alzheimer, apesar do fato de a
doença de Alzheimer eventualmente destruir todo o cérebro.
Sem insulina
adequada, o hipocampo vulnerável luta para registrar novas memórias, e ao longo
do tempo começa a se encolher e morrer. No momento em que uma pessoa percebe
sintomas de "Diminuição cognitiva leve" (pré-Alzheimer), o hipocampo
já encolheu em mais de 10%.
Fonte: Suzi
Smith, usado com permissão
As
principais características da doença de Alzheimer - emaranhados
neurofibrilares, placas amilóides e atrofia das células cerebrais - podem ser
explicadas pela resistência à insulina. Um desconcertante percentual de 80% das
pessoas com doença de Alzheimer possui resistência à insulina ou diabetes tipo
2. A conexão entre a resistência à insulina e a doença de Alzheimer está agora
tão firmemente estabelecida que os cientistas começaram a se referir à doença
de Alzheimer como "Diabetes Tipo 3".
Isso não
significa que o diabetes cause a doença de Alzheimer - a demência pode atingir
mesmo se você não tem diabetes. É mais exato pensar assim: a resistência à
insulina do corpo é diabetes tipo 2; a resistência à insulina do cérebro é
diabetes tipo 3. São duas doenças separadas causadas pelo mesmo problema
subjacente: resistência à insulina.
Você já está
no caminho da doença de Alzheimer?
Você pode se
surpreender ao saber que a Doença de Alzheimer começa muito antes de qualquer
sintoma aparecer.
O problema
do processamento da glicose no cérebro causado pela resistência à insulina é
chamado de "hipometabolismo de glicose". Isso significa simplesmente
que as células cerebrais não possuem insulina suficiente para queimar glicose a
plena capacidade. Quanto mais resistente à insulina você se torna, mais lento é
o metabolismo da glicose cerebral. O hipometabolismo de glicose é um marcador
precoce do risco de Doença de Alzheimer e pode ser visualizado com estudos
especiais de imagens cerebrais chamados de PET Scan. Usando essa tecnologia
para estudar pessoas de diferentes idades, os pesquisadores descobriram que a
doença de Alzheimer é precedida por DÉCADAS de gradual piora do hipometabolismo
da glicose.
O
metabolismo da glicemia pode ser reduzido em até 25% antes de qualquer problema
de memória se tornar óbvio. Como um psiquiatra que se especializa no tratamento
de estudantes universitários, considero que é promissor que os cientistas
encontraram evidências de hipometabolismo de glicose no cérebro de mulheres com
idade tão jovem quanto 24 anos.
Esperança
real para o seu futuro
Nos sentimos
indiferentes diante da doença de Alzheimer, porque nos disseram que todos os
principais fatores de risco para esta condição devastadora estavam além do
nosso controle: idade, genética e história familiar. Estávamos como animais
passivos, vivendo com medo do pior - até agora.
A má notícia
é que a resistência à insulina tornou-se tão comum que há boas chances de que
você já a tenha em certa medida.
A boa
notícia é que a resistência à insulina é um importante fator de risco para a
Doença de Alzheimer e é algo que você pode tomar alguma providência.
Comer muitos
carboidratos e com demasiada frequência é o que faz com que os níveis de
glicose no sangue e também os de insulina aumentem, colocando-nos em alto risco
de resistência à insulina e Doença de Alzheimer. Nossos corpos evoluíram para
lidar com carboidratos de fontes alimentares integrais como maçãs e batatas
doces, mas simplesmente não estamos equipados para lidar com os carboidratos de
alimentos processados modernos com farinhas e açúcar. Simplificando,
carboidratos refinados causam danos cerebrais.
Você não pode
fazer nada sobre seus genes ou sobre quantos anos você tem, mas certamente pode
mudar a forma como você come. Não se trata de comer menos gordura, menos carne,
mais fibra ou mais frutas e vegetais. Alterar a quantidade e o tipo de
carboidratos que você come é onde estará seu lucro.
Três passos
que você pode tomar agora para minimizar seu risco de doença de Alzheimer
1. Descubra
o quão resistente você é à insulina. Seu médico pode estimar onde você está no
espectro da resistência à insulina usando testes de sangue simples, como níveis
de glicose, insulina, triglicerídeos e colesterol HDL, em combinação com outras
informações, como a medida da cintura e da pressão arterial. (No artigo da
autora, Como diagnosticar, prevenir e tratar a resistência à insulina, inclui
um PDF para download de exames com faixas de alvo saudáveis para você
discutir com seu médico e uma fórmula simples que você pode usar para calcular
sua própria resistência à insulina).
Fonte:
RaviKrishnappa / Pixabay
2. Evite
carboidratos refinados como se fosse uma praga, começando agora! Mesmo se você
ainda não tem resistência à insulina, você permanece em alto risco de
desenvolvê-la até você restringir os carboidratos refinados, como pãezinhos,
caixas de suco de frutas e barras de granola. Para definições claras e uma
lista de alimentos refinados a evitar:
http://www.diagnosisdiet.com/refined-carbohydrate-list/
3. Se você
tem resistência à insulina, observe a ingestão de carboidratos. Infelizmente,
as pessoas com resistência à insulina precisam ter cuidado com todos os
carboidratos, e não apenas com os refinados. Substitua a maioria dos
carboidratos em seu prato com deliciosas gorduras e proteínas saudáveis para
proteger seu sistema de sinalização de insulina. A infografia abaixo fornece
estratégias-chave que você precisará para normalizar níveis de açúcar no sangue
e insulina (texto em inglês).
Você pode
exercer um tremendo poder sobre a resistência à insulina - e seu futuro
intelectual - simplesmente mudando a maneira como você come. Testes
laboratoriais de resistência à insulina respondem surpreendentemente rápido às
mudanças na dieta - muitas pessoas vêem melhorias dramáticas em seus níveis de
glicose no sangue, insulina e triglicerídeos dentro de poucas semanas.
Se você já
tem alguns problemas de memória e pensa que é tarde demais para fazer algo
sobre isso, pense novamente! Este estudo de 2012 mostrou que uma dieta pobre em
carboidratos e com alto teor de gordura
(low carb high fat, LCHF) melhorou a memória em pessoas com
"diminuição cognitiva leve" (Pré Doença de Alzheimer) em apenas seis
semanas.
Sim, é
difícil remover os carboidratos refinados da dieta - são aditivos, baratos,
convenientes e deliciosos -, mas você pode fazê-lo. É principalmente a sua
dieta, e não o seu DNA, que controla o seu destino. Você não precisa ser um
anão de jardim esperando por aí até a doença de Alzheimer lhe acometer. Armado
com estas informações, você pode ser como um inquieto e pró-ativo pássaro
nadador que ostenta um hipocampo grande e bonito que consegue manter todas as
suas memórias durante o resto da sua vida.
Autora: Georgia Ede MD
INFOGRÁFICO:
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