Aspectos homeopáticos
A crise de pânico pode ser compreendida –sob o
ponto de vista da classificação hahnemaniana de doença – como sendo uma doença
dinâmica aguda individual.
E requer uma indicação medicamentosa
circunstancial,enquanto o estado do portador de transtornos do pânico é um
estado mórbido, dinâmico crônico e miasmático, que deve ser abordado terapeuticamente
por um medicamento de fundo ou antimiasmático de natureza psórica.
A
compreensão da patofisiologia dos transtornos do pânico contribui para uma seleção
terapêutica homeopática adequada, pois a experimentação medicamentosa dos medicamentos
homeopáticos revela sítios de ação farmacológica específicos. Por meio da técnica
repertorial homeopática (SIHORE, 2000)são selecionados medicamentos que abrangem
o espectro sintomático indicado.
A escolha do medicamento mais adequado deve se
pautar em seu mecanismo fisiopatológico, revelado pelos sintomas patogenéticos,
que lhe confere característica diatésica específica (PINTO, 2003).
A principal característica clínica da crise de
pânico é um aumento acentuado da frequência respiratória, acompanhada da
sensação de medo e sufocação.
Esta sintomatologia pode ser interpretada
repertorialmente por um grupo de rubricas que evidenciam um grupo de medicamentos
homeopáticos que podem estar indicados para o estado de crise de pânico
(Tabelas
1 e 2)
TABELA
1: Representação repertorial do estado de crise de pânico.
Seção do
repertório Rubricas
Mente, Medo de asfixia
Garganta, Sensação de sufocação
Peito, Pressão
Respiração, Acelerada
Respiração, Ansiosa
Respiração ,Difícil
Respiração, Ofegante
Respiração
Paroxística, histérica
TABELA
2: Representação medicamentosa da repertorização dirigida da crise de pânico.
Medicamentos
Número de sintomas
Número de pontos
Apis
mellifera 6; 12
Veratrum
album 6; 12
Nux
vomica 6;10
Lachesis
trigonocephalus 6;10
Phytolacca
decandra 5; 9
Lactuca
virosa 4; 7
Sanguinaria
4; 7
Lyssinum
4; 5
Causticum
3 5
Strycninum
purum 3; 5
Calcarea
fluorica 2 ;3
Anacardium
orientalis 1; 1
A repertorização dirigida dos sintomas da crise
de pânico, elegendo-se como sintoma diretor
a sensação de sufocação, apoiada no conhecimento de que a enfermidade é desencadeada
por uma falha na percepção das taxas de CO2 cerebral, pelo centro da sufocação,
aponta para dois pequenos medicamentos homeopáticos.
O medicamento Lactuca
virosa, que apresenta uma conhecida ação sobre o cérebro e o sistema
circulatório (BOERICKE,
1997), e o medicamento Strycninum purum, que também desempenha intensa ação sobre
o sistema nervoso central, semelhante à Nux vomica, também presente na
repertorização.
Os demais medicamentos estudados nesta repertorização possuem
fisiopatologia
diatésica que diverge da Psora, o que os incompatibiliza com a enfermidade em questão
(Tabela 2).
A ansiedade antecipatória é responsável por modificações
fisiológicas e a conduta de evitação
nos pacientes portadores dos transtornos de pânico resulta em prejuízo da qualidade
de vida do indivíduo. Este quadro clínico pode ser transcrito na rubrica repertorial
– transtornos por antecipação –, que sendo de alto valor hierárquico pode ser considerado
em sintoma diretor. A imagem repertorial que representa o quadro clínico do paciente
portador de transtorno de pânico pode ser verificada na Tabela 3, enquanto que
o
espectro
medicamentoso de uma repertorização dirigida encontra-se na
Tabela 4.
•
Alcoolismo (dipsomania, etilismo)
•
Angústia
•
Ansiedade
• Falta
de confiança em si mesmo
• Medo,
terror, pavor, apreensão, fobia
• Medo
de gente (antropofobia)
• Medo
de doença (enfermidade) iminente
• Medo
do fracasso
• Medo
de loucura (de perder a razão)
• Medo
dos lugares públicos (agorafobia)
•
Sensível (hipersensível)
•
Timidez
•
Transtornos por antecipação
•
Tristeza (depressão mental)
A seleção medicamentosa para o paciente portador de transtornos do
pânico deve recair sobre aqueles medicamentos da diátese psórica, como Nux vomica e
Ignatia amara, que possuem ação patogenética, proporcionada principalmente pela
estricnina, compatível com a fisiopatologia da enfermidade em questão.
A existência de co-morbidade no paciente, como o alcoolismo, pode
revelar uma interação diatésica entre a Psora e o Sifilinismo, o que justificaria o
emprego de determinados medicamentos presentes na repertorização, como o Phosphorus,
Argentum nitricum e o Lachesis trigonocephalus, com base na diátese preponderante.
3. CONCLUSÃO
A reação fisiológica de alarme foi mantida ao longo da evolução da
espécie por ser uma reação adaptativa bem-sucedida. A existência de um índice alarmante
de indivíduos
portadores de transtornos do pânico na sociedade atual atuando como
indicadores biológicos por uma inabilidade adaptativa,pode significar o grau de
poluição social a qual a população humana está submetida.
O pensar clínico atual vem se
assentando na multidisciplinaridade em busca de uma complementaridade, o que se
reflete nas abordagens terapêuticas recomendadas aos pacientes portadores dos
transtornos do pânico.
A abordagem homeopática traz um saber hologramático e complexo quando
valoriza o sítio orgânico afetado e simultaneamente a totalidade sintomática
do paciente, pelo estudo da fisiopatologia envolvida e pela compreensão da diátese
envolvida, na qual a causa e o efeito se mesclam.
Os medicamentos homeopáticos, Lactuca virosa e Strycninum purum,
são indicados como circunstanciais na crise do pânico, por corresponderem
fisiopatologicamente ao quadro clínico.
Os transtornos do pânico parecem corresponder à fisiopatologia da
diátese psórica, devendo ser abordados com medicamentos desta diátese.
Com os medicamentos homeopáticos os resultados são muito satisfatórios.
Fonte : www.ihb.org.br/ojs/index.php/artigos
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