2 de jun. de 2016

Síndrome do Pánico (3) Homeopatia

Aspectos homeopáticos




 A crise de pânico pode ser compreendida –sob o ponto de vista da classificação hahnemaniana de doença – como sendo uma doença dinâmica aguda individual.
 E requer uma indicação medicamentosa circunstancial,enquanto o estado do portador de transtornos do pânico é um estado mórbido, dinâmico crônico e miasmático, que deve ser abordado terapeuticamente por um medicamento de fundo ou antimiasmático de natureza psórica.

A compreensão da patofisiologia dos transtornos do pânico contribui para uma seleção terapêutica homeopática adequada, pois a experimentação medicamentosa dos medicamentos homeopáticos revela sítios de ação farmacológica específicos. Por meio da técnica repertorial homeopática (SIHORE, 2000)são selecionados medicamentos que abrangem o espectro sintomático indicado.

 A escolha do medicamento mais adequado deve se pautar em seu mecanismo fisiopatológico, revelado pelos sintomas patogenéticos, que lhe confere característica diatésica específica (PINTO, 2003).
 A principal característica clínica da crise de pânico é um aumento acentuado da frequência respiratória, acompanhada da sensação de medo e sufocação. 
Esta sintomatologia pode ser interpretada repertorialmente por um grupo de rubricas que evidenciam um grupo de medicamentos homeopáticos que podem estar indicados para o estado de crise de pânico
(Tabelas 1 e 2)
TABELA 1: Representação repertorial do estado de crise de pânico.
Seção do repertório Rubricas
Mente, Medo de asfixia
Garganta, Sensação de sufocação
Peito, Pressão
Respiração, Acelerada
Respiração, Ansiosa
Respiração ,Difícil
Respiração, Ofegante
Respiração Paroxística, histérica

TABELA 2: Representação medicamentosa da repertorização dirigida da crise de pânico.
Medicamentos
Número de sintomas
Número de pontos
Apis mellifera 6; 12
Veratrum album 6; 12
Nux vomica 6;10
Lachesis trigonocephalus 6;10
Phytolacca decandra 5; 9
Lactuca virosa 4; 7
Sanguinaria 4; 7
Lyssinum 4; 5
Causticum 3 5
Strycninum purum 3; 5
Calcarea fluorica 2 ;3
Anacardium orientalis 1; 1

 A repertorização dirigida dos sintomas da crise de pânico, elegendo-se como sintoma diretor a sensação de sufocação, apoiada no conhecimento de que a enfermidade é desencadeada por uma falha na percepção das taxas de CO2 cerebral, pelo centro da sufocação, aponta para dois pequenos medicamentos homeopáticos. 
O medicamento Lactuca virosa, que apresenta uma conhecida ação sobre o cérebro e o sistema circulatório (BOERICKE, 1997), e o medicamento Strycninum purum, que também desempenha intensa ação sobre o sistema nervoso central, semelhante à Nux vomica, também presente na
repertorização. 
Os demais medicamentos estudados nesta repertorização possuem
fisiopatologia diatésica que diverge da Psora, o que os incompatibiliza com a enfermidade em questão (Tabela 2).
 A ansiedade antecipatória é responsável por modificações fisiológicas e a conduta de evitação nos pacientes portadores dos transtornos de pânico resulta em prejuízo da qualidade de vida do indivíduo. Este quadro clínico pode ser transcrito na rubrica repertorial – transtornos por antecipação –, que sendo de alto valor hierárquico pode ser considerado em sintoma diretor. A imagem repertorial que representa o quadro clínico do paciente portador de transtorno de pânico pode ser verificada na Tabela 3, enquanto que o
espectro medicamentoso de uma repertorização dirigida encontra-se na
 Tabela 4.
• Alcoolismo (dipsomania, etilismo)
• Angústia
• Ansiedade
• Falta de confiança em si mesmo
• Medo, terror, pavor, apreensão, fobia
• Medo de gente (antropofobia)
• Medo de doença (enfermidade) iminente
• Medo do fracasso
• Medo de loucura (de perder a razão)
• Medo dos lugares públicos (agorafobia)
• Sensível (hipersensível)
• Timidez
• Transtornos por antecipação
• Tristeza (depressão mental)

A seleção medicamentosa para o paciente portador de transtornos do pânico deve recair sobre aqueles medicamentos da diátese psórica, como Nux vomica e Ignatia amara, que possuem ação patogenética, proporcionada principalmente pela estricnina, compatível com a fisiopatologia da enfermidade em questão.

A existência de co-morbidade no paciente, como o alcoolismo, pode revelar uma interação diatésica entre a Psora e o Sifilinismo, o que justificaria o emprego de determinados medicamentos presentes na repertorização, como o Phosphorus, Argentum nitricum e o Lachesis trigonocephalus, com base na diátese preponderante.

3. CONCLUSÃO

A reação fisiológica de alarme foi mantida ao longo da evolução da espécie por ser uma reação adaptativa bem-sucedida. A existência de um índice alarmante de indivíduos
portadores de transtornos do pânico na sociedade atual atuando como indicadores biológicos por uma inabilidade adaptativa,pode significar o grau de poluição social a qual a população humana está submetida.
O pensar clínico atual vem se assentando na multidisciplinaridade em busca de uma complementaridade, o que se reflete nas abordagens terapêuticas recomendadas aos pacientes portadores dos transtornos do pânico.
A abordagem homeopática traz um saber hologramático e complexo quando valoriza o sítio orgânico afetado e simultaneamente a totalidade sintomática do paciente, pelo estudo da fisiopatologia envolvida e pela compreensão da diátese envolvida, na qual a causa e o efeito se mesclam.

Os medicamentos homeopáticos, Lactuca virosa e Strycninum purum, são indicados como circunstanciais na crise do pânico, por corresponderem fisiopatologicamente ao quadro clínico.
Os transtornos do pânico parecem corresponder à fisiopatologia da diátese psórica, devendo ser abordados com medicamentos desta diátese.

Com os medicamentos homeopáticos os resultados são muito satisfatórios. 


Fonte : www.ihb.org.br/ojs/index.php/artigos 37


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