Embora a homeopatia seja uma especialidade médica
reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980, com pressupostos
científicos estabelecidos, aplicação clínica diversa, projetos nas áreas de
pesquisa básica e clínica, oferecida nos serviços públicos de saúde e com
iniciativas de ensino na graduação médica, a desinformação sobre esta peculiar
racionalidade se encontra arraigada na cultura médica.
Este estudo objetivou mensurar a desinformação quanto aos
pressupostos homeopáticos existente entre estudantes de Medicina participantes
do 33º Encontro Científico de Estudantes de Medicina (São Paulo, 2003).
Foi aplicado um questionário auto-responsivo no início de
uma atividade didática, no qual o conhecimento foi mensurado.
Os respondentes consideravam como "prerrogativas da
homeopatia": o tratamento natural (18%), o efeito placebo (14%) e o
aspecto místico-religioso (4,5%); "indicações do tratamento
homeopático" se restringiram às doenças crônicas (52%) ou psicossomáticas
(18%); "inexistência de fundamentação científica" pela pesquisa
básica (21%) ou clínica (29%); "morosidade na resposta terapêutica"
(57%); e "isenção de efeitos colaterais" no uso inadequado do
medicamento homeopático (71%).
Perante outros aspectos, 43% dos estudantes não reconheciam
a homeopatia como uma "especialidade médica"; a totalidade ignorava
que ela estivesse "disponível em serviços públicos de saúde"; 64%
desconheciam sua "inclusão no currículo de algumas faculdades de Medicina";
e todos os alunos se mostraram "bastante interessados em aprendê-la",
na forma de disciplina obrigatória (64%) ou optativa (36%).
Sugere-se que a informação acerca dos aspectos fundamentais
da homeopatia seja transmitida nos primeiros anos da graduação médica.
Publicado em: Revista
Brasileira de Educação Médica 20070401
Link Texto Completo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022007000100003
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