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Era filho de Christian Gottfried Hahnemann, um pintor de
porcelana, considerado um mestre na sua arte. Foi o terceiro de quatro filhos
do segundo casamento de seu pai, a quem considerava como seu
"mestre", dada a coincidência de posições sobre a dignidade e
moralidade que ambos partilhavam.
Seu pai sempre tentou fazer com que o seu filho continuasse
a sua profissão, mas o jovem Hahnemann resolveu-se pela sua forte inclinação
intelectual. A sua insaciável procura por conhecimento tournou-o aluno
predilecto do seu professor que, após os estudos primários, convenceu o pai de
Samuel a deixá-lo seguir estudos em St. Afra como aluno particular do professor
Müller. Era aluno externo, pelo que residia com o professor e não pagava a
escolaridade. Esta escola era frequentada por nobres locais, e tinha reputação
de seriedade e qualidade de ensino.
Hahnemann foi para Leipzig em 1775, depois de terminar os
estudos de liceu, estudar medicina. Leipzig era, nessa altura, a capital
intelectual da Saxónia. A sua Universidade era muito famosa. A faculdade de medicina
apenas contemplava disciplinas de ensino teórico, descurando o ensino perto do
doente, o que acontecia em todas as faculdades de medicina da Europa. Este
tendência de dar mais importância à teoria que à prática encontrar-se-ia
difundida por toda a Alemanha em 1790, o que explica o atraso científico das
universidades alemãs da altura. Durante a estadia em Leipzig, Samuel Hahnemann
fez muitas traduções de obras no domínio da medicina e química, o que permitiu
estudar em pormenor estes campos.
Em 1777 Hahnemann dirige-se para Viena, onde vai frequentar
a nova escola médica de Van Swieten, que tomava como importante a observação e
ensino clínico junto do doente. Durante mais de seis meses Hahnemann acompanhou
e observou as visitas do Dr. Joseph Quarin ao Hospital onde era médico
responsável. Este médico melhorou as condições de diversos hospitais e
aprefeiçoou a clínica médica.
Depois de seis meses em Viena, Hahnemann torna-se médico
privado e bibliotecário do Governador de Transilvância. Em 1779 vai para
Erlangen, onde defende a sua tese de doutoramento em medicina, seguindo depois
para Dessau, onde conhece o farmacêutico Haeseler e a sua filha Henriette, com
quem casou.
Na sala interior da farmácia do seu sogro inicia as suas
experiências de química, ao mesmo tempo que mantém a actividade médica.
Continuou o seu trabalho em traduções, às quais acrescentou sempre anotações
pessoais, que o ajudaram a ficar conhecido na Alemanha. Trabalhou muito na
pesquisa química, publicando diversos artigos em várias revistas de química e
farmácia.
Quando estava a traduzir a obra As leituras da Matéria
Médica de Cullen, Hahnemann escreveu uma anotação onde criticou a opinião do
autor sobre os efeitos da quina no tratamento da malária, que dizia tratar pelo
seu sabor amargo. Hahnemann escreveu que não se pode considerar que a quina
cure a malária por ser amarga, mas por causar os efeitos semelhantes aos da
malária se tomada por alguém saudável, o que ele experimentou. Isto dá origem
ao primeiro enunciado do princípio da semelhança.
Hahnemann confirmou as suas descobertas no que diz respeito
à chinchona, ao observar que os trabalhadores das fábricas de quinino sofriam
do envenenamento da chinchona, que era semelhante à febre intermitente. Começou
então a perceber que um remédio pode provocar as condições mórbidas de doença
como curá-las, quando testado em voluntários humanos saudáveis. Mais tarde teve
dois casos que ajudaram a essa sua teoria. Numa família com quatro crianças,
três tiveram escarlatina e apenas uma, que estava a tomar Belladona para a
artrite, escapou à infecção. Numa outra família com oito crianças, três tinham
escarlatina, e Hahnemann deu às outras cinco Belladona em doses muito baixas.
Nenhuma das cinco crianças ficou doente.
A partir de 1796, Hahnemann volta aos seus trabalhos de
tradução, apurando a sua doutrina e publicando diversos artigos em jornais de
medicina prática. Nestes artigos expunha os absurdos e erros da medicina
ortodoxa, a que eles chamava Alopatia. Durante anos andou inconstante, mudando de
casa diversas vezes em poucos anos. Os seus recursos vinham quase
exclusivamente das suas traduções.
Em 1804 mantém-se em Torgau por sete anos, praticando
medicina regularmente, num longo período de estabilidade. Regressa depois a
Leipzig, e muda de casa mais duas vezes. Em Köthen exerceu prática médica
regular, dando.lhe finalmente alguma estabilidade financeira, sendo então o
período de maturidade da doutrina homeopática. Juntaram-se-lhe a ele diversos
entusiastas da prática em conjunto, testaram várias drogas com todos os
cuidados possíveis para eliminar o erro. Estes testes foram meticulosamente
relatados, formando o núcleo da matéria médica homeopática, compilados na
clássica Matéria Médica Pura (1811).
Durante alguns anos foi estudando diversas drogas e seus
efeitos e aplicações, ficando com uma profunda compreensão da patogenesia de
muitas substâncias poderosas, e utilizou-as como remédios. Nesta base construiu
a arte da prática homeopática. Devido aos relatos incompletos ou inadequados
dos toxicologistas, patologistas e clínicos, Hahnemann não teve opção senão
testar os remédios e venenos em indivíduos saudáveis, que seriam ele, a sua
família e amigos.
Em 1810, Hahnemann publicou a primeira edição do famoso
ORGANON da medicina racional, que foi uma ampliação do seu trabalho A medicina
da experiência. Em vida publicou mais quatro edições, corrigidas e aumentadas
em função das modificações da sua teoria, segundo a sua experiência. Passou a
chamar-se ORGANON A Arte de Curar. Este livro se tornou um clássico em pouco
tempo.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Hahnemann
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