O enigma da Esfinge
De acordo com a mitologia, a estrada para a antiga Tebas era guardada pela Esfinge, um monstro fantástico com rosto de mulher, corpo de leão e assas de pássaro. Os viajantes que não conseguiam decifrar o enigma que ela propunha eram rapidamente devorados .Só Édipo foi capaz de vencer o desafio.
Sua resposta: “O homem, que na infância engatinha de quatro, anda sobre os dois pés na maturidade e apóia-se em uma bengala na velhice.”
Percebe-se, assim, que já na Antiguidade atribuíam-se três idades ao homem. A infância estendia-se até quando a pessoa fosse independente o bastante para “andar sobre os próprios pés”. Dali em diante vinha à maturidade, tempo no qual o individuo era útil à sociedade. Depois chegava-se à terceira idade , marcada pela necessidade crescente de uma “muleta” real ou simbólica.
Para os antigos chineses, porém, três idades não eram suficientes. No Clássico de Medicina Interna do império Amarelo , que se acredita ter sido escrito há mais de 4 mil anos, descreviam-se sete idades para homens e mulheres , divididas em ciclos de 7 anos para as mulheres e de 8 para os homens.
Shakespeare também achava que a vida não se resumia a meras três etapas_crescimento, maturidade e declínio. Em uma das mais famosas falas da peça Como Gostais , o personagem Jaques , um nobre a serviço do duque banido, comenta:
O mundo é todo um palco;
Os homens e as mulheres, meros atores
Que nele entram e saem.
Muitos papeis cada um tem em seu tempo:
Sete atos, sete idades.
Jaques descreve então as idades do homem típico da época elisabetana, da criança manhosa ao maduro pilar da respeitabilidade, cheio de sabedoria e experiência. Então, quando afinal chega à sétima idade:
A última cena,
Remate dessa história aventurosa,
É mero olvido, uma segunda infância,
Falha de vista, dentes, gosto e tudo.
È claro que toda classificação de características dos seres humanos impõe parâmetros arbitrários. Os antigos chineses , por exemplo, impuseram deliberadamente ciclos de 7 e 8 anos porque estes tem significado especial na teoria numerológica que integra a filosofia e medicina orientais .
De forma semelhante, o uso de sete idades por Shakespeare deve ser visto apenas como um artifício literário.
Mas a imagem que ele criou da fase final da vida, como um regresso a infância com progressivo colapso de todos os sentidos e funções do organismo, retrata uma situação (que sem nenhum tipo de intervenção ao contrário) acaba sendo verdadeira.
Mas ele falava da era elisabetana, o caso agora é bem diferente: temos recursos para manter a saúde e prolongar a juventude de forma simples e verdadeira.
È só se cuidar de verdade!
E cuidar da saúde (não da doença).
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