23 de set. de 2013

AUTISMO E HOMEOPATIA



Dificuldade de relacionamento com preferência pela solidão e modos arredios, aparente insensibilidade à dor, hiperatividade ou extrema inatividade, insistência em repetição e resistência à mudança de rotina, dificuldade em expressar necessidades, acessos de raiva e irregular habilidade motora. Estas são, segundo a Associação Americana de Autismo (Autism Society of American – ASA), algumas das características de pessoas com autismo. “O autismo pode ser considerado como a perda global, em maior ou menor grau, da capacidade de se comunicar, socializar, aprender ou de executar um comportamento adaptado ao meio acarretando uma perda consequente no desenvolvimento da criança ou do adulto.
 Faz parte de um grupo de síndromes de Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que engloba a Síndrome de Asperger e outros”, explica o médico homeopata Renato Azambuja.
“É importante deixar claro que o autismo não é uma entidade única. Hoje o compreendemos como um distúrbio do desenvolvimento complexo, cujas manifestações mais visíveis se apresentam na esfera comportamental, incluindo principalmente déficits nas áreas de comunicação, comportamento e socialização do indivíduo. Sua etiologia tem origens múltiplas e se apresenta em graus variados de gravidade em sua manifestação”, acrescenta a médica Geórgia Regina Macedo de Meneses Fonseca, que é membro-diretor da Federação Brasileira de Homeopatia, pesquisadora em Autismo da Federação Brasileira de Homeopatia Membro do Programa Estadual de Homeopatia da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Epidemia
De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o autismo atinge cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. Somente nos Estados Unidos afeta 1 em cada 88 nascimentos. No Brasil, ainda não há estatísticas oficiais, mas aqui, assim como em todo o mundo, tem havido, recentemente, a percepção de um aumento no número de casos. Alguns chegam a falar em “epidemia” de autismo. “Segundo a ONU, o aumento da prevalência do autismo nos últimos anos levanta a questão sobre haver uma ‘epidemia’ da síndrome entre os seres humanos, questão ainda em debate nos meios científicos tradicionais”, diz Renato.
Segundo Geórgia, em 30 de março de 2012 o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do governo americano publicou uma estatística baseada no número de crianças em idade escolar que apresentaram necessidade em serem atendidas pelo sistema especial de saúde e desenvolvimento infantil daquele país. “Uma em cada 88 crianças em idade escolar nos Estados Unidos estavam portando diagnóstico de algum grau de autismo. Isto representou 32% de aumento nas estatísticas”, diz. Ela acrescenta: “apesar das alegações de que o aumento relatado no número de casos de autismo se deve à melhora na capacidade dos serviços de saúde darem o diagnóstico, essas assertivas não correspondem a realidade do ponto de vista estatístico geral”.
Diagnóstico e tratamento
Não há um consenso em relação às causas do autismo. “Competem fatores psicológicos, que podem claramente agravar a síndrome, fatores genéticos ainda não identificados e fatores ambientais. No entanto, as pesquisas estão longe de uma definição e o Autismo é caracterizado como síndrome clínica de caráter fenomenológico”, diz Renato. Da mesma, forma, não há um tratamento específico. Ao contrário, há muitas controvérsias quanto à melhor maneira de conduzir o cuidado.
“Novas pesquisas sobre o autismo têm demonstrado que ele é uma condição que afeta múltiplos sistemas orgânicos. Os pacientes apresentam alterações gastrointestinais frequentes, múltiplas alergias alimentares, alterações imunológicas com múltiplas infecções, alterações do sistema sensorial, endócrino e metabólico, que devem sempre ser investigadas e tratadas. E o médico hoje deve estar sempre atento a estas comorbidades para que não se deixe cair no engodo de que todas as alterações de comportamento que seu paciente venha porventura a apresentar se devem apenas a agravação do estado mental, dispensando-se do papel de clínico e investigador de uma criança que, por estar trancada em si mesma, não poderá manifestar suas queixas orgânicas como nos faz o paciente comum”, destaca Geórgia.
Homeopatia
Neste sentido, a Homeopatia se apresenta como uma aliada. “O elemento básico que fundamenta o diagnóstico e a terapêutica homeopática é o sintoma relatado nas palavras e atitudes do doente, além daqueles observados pelo médico. É uma prática médica alicerçada no fenômeno do sentir de cada um, associada a uma técnica de escolha dos sintomas característicos e idiossincrásicos de cada caso individual de doença”, explica Renato.
Segundo ele, a Homeopatia tem muito a oferecer no tratamento dos sintomas desta síndrome. “A Homeopatia carrega em sua doutrina a tese de padrões de adoecimento. São conjuntos de sintomas de significado peculiar e que apontam para um modo específico de adoecer ou então de uma predisposição básica de adoecer do indivíduo. São padrões dinâmicos de adoecimento e o nome que levam pouco tem a ver com o que se conhece hoje em termos das patologias envolvidas”, explica.
“Para uma prescrição acurada do remédio homeopático, faz-se necessária a compilação de sinais e sintomas que individualizam cada paciente, englobando aspectos físicos, mentais e emocionais. Conta-se com a leitura clínica do homeopata, associada à observação dos pais/acompanhantes. Mas ainda há muita falta de informação por parte da população e, inclusive, dos médicos alopatas sobre a abrangência da Homeopatia Unicista”, diz a médica homeopata unicista Sarita Nigri.
Casos clínicos
Ela conta que já acompanhou três pacientes: dois com diagnóstico de autismo e um com Síndrome de Asperger. “O paciente com Asperger e um dos autistas obtiveram excelente resposta nas áreas de comunicação, socialização e aprendizado. Já o terceiro, abandonou o tratamento por decisão da mãe. O autista que teve grande progresso era aluno de uma escola pública, orientado pela diretora, que é minha paciente, a experimentar uma nova terapêutica”, relata.
Já Renato acompanhou quatro casos, três meninos e uma menina. “Todos procuraram auxílio homeopático porque é comum haver, nestas crianças, infecções de vias aéreas de nível superior, o que proporciona uma porta de entrada para a abordagem de nossa especialidade nos casos. Em dois deles o diagnóstico de Transtorno Global do Desenvolvimento foi realizado por mim durante o tratamento homeopático, uma vez que os sintomas foram sendo observados. Em dois outros a agressividade física e inquietude eram marcantes”, conta.
Segundo ele, em um dos pacientes a ausência de socialização era marcante, a não ser por se relacionar com o mundo através da música. Outra era calada e não fixava olhos em ninguém, nem nos pais. E foi justamente a menina que teve evolução global mais marcante, tanto do ponto de vista físico como mental. “Hoje conversa bem, mudou o olhar e apresenta um desenvolvimento praticamente normal”, diz.
Experiência profissional e pessoal
Já a experiência de Geórgia, como ela mesma diz, rende extensos e profundos relatos. “Minha experiência com autismo começou com o sofrimento pessoal pelo diagnóstico de minha filha mais nova com o transtorno. Com a sensação de dor, impotência, perplexidade e revolta de uma mãe que sente como se seu bebê tivesse sido subitamente arrancado de seus braços! A experiência como médica foi a de tentar racionalizar soluções, pesquisar e buscar respostas, tentar achar o caminho da cura através de ações práticas e efetivas o que, no campo do autismo, só quem lida diretamente vem a descobrir que as coisas não são tão fáceis como a prática comum da medicina nos conduz”, conta.
“Comecei, então, por fazer um levantamento repertorial de todos os sintomas relacionados com o autismo, percorrendo todos os sintomas mentais, até os gerais e particulares. Durante este trabalho recebi grande apoio e ajuda de Fábio Bolognani, presidente da Federação Brasileira de Homeopatia, que me auxiliou não só no tratamento de minha filha como a pensar nas rubricas, juntar as peças, compor as imagens. A partir deste ponto traçamos um plano terapêutico especialmente voltado para o autismo, que é único e abalizado sobre os moldes da experiência de anos de trabalho da FHB com as crianças especiais”, diz.
Eles montaram um modelo de intervenção terapêutica para o autismo que Geórgia chama de FHB Model to Healing Autism. “Contamos hoje com mais de 200 pacientes beneficiados por este nosso particular modelo de tratamento”, estima. Ela realizou estudos e teve trabalhos publicados em revistas internacionais, mas afirma: “acima de quaisquer resultados obtidos em testes e publicados, o que mais nos move e alegra a cada dia é poder constatar ao vivo aquilo que nosso mestre Fábio Bolognani sempre colocou como o ponto principal de nosso trabalho: podermos observar a volta da inclusão sócio-familiar destes pacientes e a incrível melhoria na qualidade de vida destas famílias!”

Para ler o relato completo de Geórgia: http://www.ecomedicina.com.br/site/conteudo/noticia136.asp

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