9 de abr. de 2013

Homeopatia:O surgimento desta racionalidade médica


 10 de abril de 1755-1843 
Hahnemann (o médico criador da Medicina Homeopática) se preocupou extremamente com as incertezas que reinavam nos conceitos terapêuticos da sua época, fato que inclusive o leva a abandonar o exercício clínico durante alguns anos ; enquanto traduzia a matéria médica de Cullen, em 1790, fica impressionado com os elogios que este autor fazia à tintura da China (Chinchona officinalis) na sua ação em um grande número de doenças, muito diferentes entre si e muitas vezes de causas contrárias. Hahnemann, para elucidar estas contradições, resolve que a melhor forma de esclarecer essas contradições seria experimentar esta substância no homem saudável para verificar e identificar todos os seus efeitos.
Desta forma, ele mesmo toma a tintura da China durante vários dias consecutivos até começar a experimentar em si mesmo vários dos efeitos análogos aos que Cullen queria combater quando recomendava esta substância, tais como fraqueza, febre intermitente, dores reumáticas, propensão ao suor, etc.
Desta forma acontece o insigth do criador da homeopatia, que enxerga nestes fenômenos uma confirmação da lei dos semelhantes, já observada, como dissemos, por Hipócrates e por Paracelso. Consciente da dimensão que poderia ter a aplicação desta lei a nível médico e farmacológico, Hahnemann repete esta mesma experiência com diferentes substâncias.
Observa que estas diferentes substancias administradas em doses “grandes” (na sua primeira época de pesquisa utilizava as substancias sem nenhuma diluição) a indivíduos sensíveis, mas saudáveis, produziam sintomas semelhantes aos que apresentavam os enfermos que se pretendia curar.

Todas as substâncias que ele estudou não só se mostraram eficazes contra as doenças que apresentavam manifestações semelhantes às suas patogenesias, como também desenvolveram uma eficácia toda particular, muito mais direta, mais rápida e mais radical que todos os outros medicamentos até então empregados contra essas mesmas doenças.
 Hahnemann repetiu estas experiências durante quinze anos para posteriormente publicar seu primeiro tratado sob o titulo de “Fragmenta de Viribus Medicamentorum Positivis” que continha os efeitos dos medicamentos que ele tinha experimentado até esse momento, e um segundo tratado intitulado “Medicina da Experiência” (v. Hahnemann, “Ètudes de médicine Homoeopathique”, Paris, 1855, t. I, págs. 285 a 342) onde expunha toda uma nova doutrina médica, na qual o autor estabelecia regras fixas e invariáveis para uma terapêutica metódica e racional. ....

A utilização da medicina baseada no principio da semelhança – similia similubus curentur –, encontra-se em outros autores não homeopatas como von Haller, Stoerck, Alberti–La Bruguiere [Boyd – 1936], mas foi certamente Hahnemann quem construiu todo o edifício de um novo modelo médico sobre os alicerces de novos conceitos médicos nascidos de dados experimentais puros..
Mas...dois séculos se passaram para que finalmente ocorresse a publicação deste seu trabalho num jornal alemão: “Versuch über ein neues Prinzip zur Auffindung der Heilkräfte der Arzneisubstanzen” (Ensaio sobre um novo princípio para verificar o poder curativo dos fármacos) [Hahnemann, 1796].

Esta publicação é considerada pelos historiadores da medicina como a primeira obra na qual o modelo médico experimental hahnamanniano é enunciado em detalhe, marcando assim o início da homeopatia.
Este ensaio trata principalmente da experimentação medicamentosa em medicina e os fatores relacionados com a toxicidade dos medicamentos
inclusive demonstrando que os efeitos são também dose-dependente.

Entre as observações preliminares feitas pelo criador da homeopatia encontramos:
A maioria dos medicamentos tem mais de uma ação; a primeira, uma ação direta que aos poucos muda para a segunda (que chamo de ação secundaria indireta). Essa ultima é em geral um estado exatamente oposto à primeira...”

Se, num caso de doença crônica, é dado um medicamento cuja ação direta primaria corresponde à doença, a ação secundaria indireta é às vezes exatamente o estado do corpo que se busca produzir mais, em outras ocasiões (especialmente quando é dada uma dose errada), ocorre na ação secundaria uma desordem que dura algumas horas ou, raramente, alguns dias...
... os remédios paliativos causam muito mal nas doenças crônicas e as tornam ainda mais obstinadas provavelmente porque, após sua ação antagônica inicial, são seguidos por uma ação secundaria que é semelhante à própria doença”.
Quanto mais numerosos os sintomas mórbidos que o medicamento produz em sua ação direta, correspondendo aos sintomas da doença a ser curada, mais de perto a doença artificial se assemelhará àquela que se busca remover e muito mais certo de que o resultado de sua administração seja favorável”.
... Pode ser praticamente considerado um axioma, que os sintomas da ação secundária sejam o oposto exato daqueles da ação direta...”.

Após essas observações preliminares, passo agora a ilustrar com exemplos minha máxima, ou seja, a de que a fim de se descobrir os verdadeiros poderes curativos de um medicamento para as doenças crônicas, devemos procurar a doença artificial específica que o mesmo pode desenvolver no corpo humano, empregando-o numa condição mórbida muito similar no organismo, a qual se deseja remover... Uma máxima análoga é a de que a fim de se curar radicalmente certas doenças crônicas devemos buscar medicamentos que possam excitar uma doença similar (e quanto mais similar melhor) no corpo humano...”.[Hahnemann, 1796].

Observa-se então que a teoria homeopática não surge de construtivismos teóricos bem intencionados e sim da experimentação repetida de diferentes substancias em homens saudáveis , experimentações estas gerenciadas por um médico criterioso, ético e observador, como explicaremos mais adiante.

Os pilares deste modelo médico são:
∙ A experimentação no homem são;
∙ A utilização da Lei da Semelhança para a cura;
∙ A dose mínima;
∙ O remédio único.

Devemos destacar que o último pilar só é considerado pelos homeopatas unicistas, já que os homeopatas pluralistas usam vários medicamentos simultaneamente.

 Fonte:  Princípios do método homeopático - capítulo 9  
 Autores  Paolo Bellavite -     Graciela Martinez
 Livro Medicina Biodinamica - Paolo Bellavite - Papirus Editora



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