26 de out. de 2011

Uma verdade incomoda


"Quanto mais palpavél é uma verdade, mais tempo ela requer para conquistar o lugar a que tem direito. Os obstáculos que se colocam no caminho, são porque essa verdade desencadeia em torno de si um verdadeiro ódio, pois esta, anuncia uma revolução, uma perturbação dos interesses existentes e dos lugares conquistados..."

Christian Friedrich Samuel Hahnemann
Médico alemão operacionalizador do Modelo Médico Homeopático

Os sintomas característicos de Cada Paciente


Hahnemann pedia a seus experimentadores que anotassem as particularidades dos sintomas, já que são elas as que descobrem o que há neles de peculiar e característico.
Se os repassarmos às patogenesias, observaremos que os conselhos de Hahnemann aos experimentadores, renderam excelentes resultados. Com efeito, os sintomas estão ali modalizados, já que os experimentadores anotaram as variantes produzidas por horários, movimentos, clima, ocupações, posição, funções orgânicas etc. Deste modo, as patogenesias nos provêem de numerosos dados sobre a mudança que a substancia produziu no humor e no rendimento intelectual dos experimentadores. Hahnemann não lhes deixava livre o critério e o que tinham de observar, como estabelecem as indicações precisas do parágrafo 133. Porque ele havia refletido longamente sobre as influências que afetam a força vital ( A medicina da experiência).

Naturalmente, isto se vê nas patogenesias e, portanto, nos repertórios. No repertório de Barthel, figuram 7823 sintomas mentais. Uns 350 ou 400 são sintomas mentais comuns. Entre estes, estão os que representam os aspectos de caráter - uns 50 - e são os sintomas mentais comuns que tem invadido nossas repertorizações. O resto, - uns 7500 - são sintomas com distintos graus de caracterização. Durante anos, eu quase desdenhei esses 7500 sintomas característicos, os 7500 sintomas mais importantes do Repertório.

Esses sintomas, falam do Humor, o Humor é a vida, o aparelho para viver. Os estados de ânimo são o destino do homem, e são variáveis e frágeis como nenhuma outra coisa. Sim, o homem muda seu estado de ânimo permanentemente. Não há tristeza que não passe, ira que não se dissolva, ansiedade que não se acalme, medo que não desapareça, pranto que não cesse, excitação que não se dilua, melancolia que não se converta em passado. O estado de ânimo pode se fortalecer hoje e cair amanhã.

Qualquer circunstância pode modificar nosso estado de ânimo. A ansiedade, a excitação e a depressão - com sua enorme gama de matizes - se sucedem continuamente. Basta estar um momento com uma pessoa que nos desagrade, ou que o tempo esteja muito quente, ou que soe alto uma buzina de um carro, ou que a porta esteja fechada, ou que a música seja medíocre, ou que o chá esteja frio. Basta não poder comprar o livro, ou não achar o sal, ou as tijelas. Basta acender um cigarro ao contrário, para que nosso ânimo mude completamente.

Nosso ânimo depende também de estímulos internos: basta uma má recordação, uma modificação, uma conversa áspera, um insucesso do passado recente ou remoto, um contratempo fútil que recordamos, para que se arruíne o nosso humor. Afortunadamente, temos um seguro contra os estados de ânimo indesejáveis: a inconsistência de nosso humor, a facilidade de passar do mau humor à indiferença, da tristeza à excitação, do medo à cólera.Somos feitos dessa maneira.

Esta variabilidade de ânimo, é o que podemos chamar de normal. Quando um estado de ânimo aparece sempre na mesma circunstância, chama a atenção. Chama atenção que um homem se sinta deprimido todos os meio-dias, ou quando transpira. O normal, é que hoje se deprima ao meio dia, amanhã quando transpira, ontem enquanto caminhava, no dia seguinte estando só e, em outro momento, após urinar.

O extraordinário é que o homem se deprima sempre nas mesmas circunstâncias, pelo que esta circunstância passa a constituir-se no que caracteriza essa depressão. E então, podemos considerar essa depressão como sintoma, como manifestação de desajuste. Essa depressão é o que chamamos de um sintoma mental característico (ou modalizado).

Não melhoraria sensivelmente nossa prática, se seguíssemos as indicações de Hahnemann a seus experimentadores? Não encontraríamos mais frequentemente o simillimum, se tratássemos de obter de nossos pacientes os sintomas mentais característicos, para poder compará-los com o que anotavam os experimentadores? Por que seguimos insistindo em repertorizar, em considerar sintomas mentais comuns, como prática habitual?



Ref: Flora Dabbah O Sintoma característico - Grupo de Estudos Homeopáticos James Tyler Kent. RJ 1990 p. 15-16. http://www.ihjtkent.org.br/

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