13 de set. de 2011

Tensão Pre-Menstrual



A antiga tensão pré-menstrual (TPM) passou a ser chamada de síndrome pré-menstrual (SPM), pois em sua totalidade engloba um conjunto de 150 sintomas clínicos, além da própria tensão. Surge durante a segunda fase do ciclo da menstruação e faz parte de um grupo maior de alterações denominadas moléstias peri-menstruais.
Sua patogênese está relacionada a desequilíbrios hormonais no Eixo Hipotálamo-Hipofisário (EHH), o que a torna um exemplo típico de patologias que comprovam as teorias homeopáticas tradicionais. Pode se considerar o melhor modelo para conhecer como e onde agem os medicamentos homeopáticos na mulher. Diversos trabalhos mostram que a intervenção homeopática equilibra essa disfunção com eficácia aproximada de 80%. Trata-se, portanto, de uma das síndromes com melhores respostas ao tratamento da especialidade.
Por sua importância e para demonstrar que a TPM atesta de forma clara a função da homeopatia como aliada de tratamentos clínicos, o tema foi destaque na programação do Congresso da Associação Paulista de Homeopatia 2009 – Clínica, Ciência e Arte, organizado pela Associação Paulista de Homeopatia (APH).
O objetivo do Congresso foi propiciar, de uma forma abrangente e clara, ferramentas para os congressistas se reciclarem sobre o que há de mais relevante na homeopatia. No evento, renomados especialistas nacionais e uma participação internacional debateram as diferentes abordagens e experiências clínicas homeopáticas. A idéia também foi a de disseminar conhecimentos atualizados para a qualificação da prática médica e da assistência aos cidadãos.
É sabido que a medicina convencional não definiu ainda a causa real da TPM, enquanto que a homeopatia por considerar a totalidade dos diversos aspectos femininos pode entendê-la. Ao utilizar uma abordagem feminológica baseada nos princípios homeopáticos, ou seja, ver a mulher como um todo e, principalmente, sua feminilidade, transcende-se o convencional. Aliás, esse tipo de visão deveria se estender às demais patologias da mulher como defende o Doutor Eliezer Berenstein, especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e em Homeopatia pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A Tensão Pré-Menstrual é um desafio para o médico ginecologista. Apesar de muito comum, a TPM não é bem entendida em sua fisiopatologia. Ou seja, não se sabe direito porque ela ocorre. No Brasil, sabe-se que ela afeta cerca de 35% das mulheres que freqüentam os ambulatórios médicos (Diegoli e col, 1994), mas há estudos que apontam que quase todas as mulheres (95%) teriam pelo menos um sintoma da doença em algum momento da vida, com cerca de 11% apresentando sintomas intensos e incapacitantes para a sua rotina diária de vida (Lima e Camus, 1996).
Certamente, há uma interferência forte do emocional e descreve-se do ponto de vista psicológico uma lógica interna muito coerente que liga os vários sintomas da TPM com diversos aspectos de conflitos com a feminilidade e com a possibilidade da maternidade. Isso explicaria porque a doença se torna muito mais comum nos dias atuais, em que a mulher tem de desempenhar vários papéis na sociedade moderna, com a geração de intensos conflitos entre desejos latentes e obrigações trabalhistas e sociais. Apesar de existirem cerca de 150 sintomas descritos nesta doença, os mais comuns envolvem inchaço, dor nas mamas, irritabilidade, nervosismo, depressão, dor abdominal e nas pernas, alguns dias antes da menstruação. De qualquer forma, a Medicina tradicional não consegue explicar adequadamente porque tais sintomas surgem. As teorias habituais dão conta de um desequilíbrio hormonal entre o Estrógeno e a Progesterona, mas, ao não encontrar este desequilíbrio em todas as mulheres, realça então a possibilidade de ações locais destes mesmos hormônios. Mais recentemente, alguns advogam a interferência de fatores inflamatórios deflagrados pelas mudanças hormonais.
Ou seja, cria-se na medicina tecnológica de hoje o mito de que a mulher seria regida pelos hormônios, como se fosse uma escrava das condições hormonais e biológicas. Penso que o fato seja exatamente o contrário. É a mulher que, ao perder seu equilíbrio emocional e vital ao se deparar com fatos cotidianos inquietantes e estressantes, que muda seu equilíbrio hormonal. Mulher sem problemas, como era a mulher de gerações passadas, não se desequilibrava e vivia bem, sem sintomas de TPM. Se fossem os “hormônios” os culpados de tudo, qualquer mulher, em qualquer época da humanidade, teria tais problemas. E não é o que vemos, no dia-a-dia do consultório. Hoje, depois de 20 anos de formado, vejo muito mais TPM no consultório do que no início da minha prática médica. E os médicos mais velhos me confirmam tal sensação, assim como alguns artigos científicos, que demonstram aumento na incidência deste problema feminino. E vocês, que estão me lendo, também poderão me dar razão, ao perguntarem para suas mães e avós se esta tal TPM era comum ou não no tempo delas...
Considerando que a TPM seria o sinal de uma perda de equilíbrio da mulher, em seus vários aspectos de vida, a homeopatia ganha uma relevância sem igual, pois esta prática médica considera a pessoa em sua integralidade de reações e funda seus princípios na crença de que as doenças se originam nos pensamentos e nas emoções do indivíduo. É o mal pensar que leva ao mal sentir e deste ao mal agir e, continuando neste esquema, o organismo há de se desequilibrar de tal forma, que surge a doença, primeiro como uma alteração funcional, e depois como uma alteração orgânica lesional. Ou seja, a pessoa vê o mundo de uma forma equivocada, se irrita, fica com raiva, passa a ser agressivo com os outros e, então, começa a ficar com hipertensão. Com o tempo, a hipertensão leva a alterações vasculares e ao infarto de miocárdio, com uma lesão irreversível do coração.
No tocante à TPM, a mulher pensa de forma equivocada sobre seu destino e sobre seus desejos, sente-se frustrada ou decepcionada com os fatos de sua vida amorosa, familiar e/ou profissional, começa a agir de forma contrária a seus desejos, e então passa a ter alterações hormonais. Daí para diante, o útero se modifica, assim como os ovários e as mamas. E a doença se instala. Aliás, este é um dos caminhos. Outros destinos possíveis seriam os ovários policísticos, a endometriose e até a esterilidade, dentre outros.
O tratamento homeopático assim pode ser um recurso importantíssimo para o tratamento da TPM, ao revelar qual o tipo de paciente que se encontra com o distúrbio e fornecendo um medicamento homeopático específico, que visa re-encaminhá-la ao equilíbrio perdido. Sabemos que há uma alta taxa de sucesso da TPM com a homeopatia, como diz o artigo, em cerca de 80% das vezes. Isto é espantoso, pois o tratamento tradicional alopático não passa de 50-60%, tendo uma eficácia semelhante ao uso do placebo. Ou seja, não tomar nada...

Referências:
Diegoli, Mara Solange; Fonseca, Angela Maggio da; Diegoli, Carlos Alberto; Halbe, Hans Wolfgang; Bagnoli, Vicente Renato; Pinotti, Jose Aristodemo - Sindrome pre-menstrual: estudo da incidencia e das variacoes sintomatológicas. Rev. ginecol. obstet;5(4):238-42, out. 1994.
Mendonça Lima, C. A; Camus, V. - Síndrome pré-menstrual: um sofrimento ao feminino. Psiquiatr. biol;4(3):137-46, set. 1996.

  Inquietando espíritos MATHEUS MARIM GRACIELA MARTÍNEZ A qualidade do congresso A Homeopatia no Século XXI, realizado há alguns meses na Un...